Bimek SLV “interruptor de esperma” — A resposta para a contraceção masculina?
A contraceção masculina é uma área subdesenvolvida no campo do controlo reprodutivo. No que diz respeito aos métodos de contraceção, a responsabilidade recai largamente sobre a mulher. À exceção da vasectomia e do uso de preservativo, as opções para os homens são muito limitadas.
Em 2015 foi anunciado que um equivalente masculino da “pílula” se encontrava em fase de testes para poder ser comercializado e além disso os investigadores estão a desenvolver injeções contracetivas.
Contudo, é provável que ainda faltem muitos anos para estes contracetivos masculinos serem considerados seguros e se tornarem disponíveis para o público geral. Atualmente, está a ser testado outro método que poderá proporcionar aos homens uma alternativa para o controlo reprodutivo.
“Ligar” e “desligar” o fluxo de esperma
Há vinte anos, o alemão Clemens Bimek teve a ideia de desenvolver um dispositivo de contraceção. Carpinteiro de profissão, Bimek criou um mecanismo que permite uma esterilização temporária à distância de um botão.
O dispositivo “Bimek SLV” foi patenteado em 2000. O próprio inventor usou o dispositivo com sucesso em 2009 e tem vindo a aperfeiçoá-lo desde então com a ajuda dos seus investidores. O dispositivo já foi aprovado para um ensaio clínico e a empresa está atualmente a recrutar 25 voluntários para participarem nos testes do Bimek SLV.
Como funciona o Bimek SLV?
O Bimek SLV é um pequeno dispositivo, com menos de 3 gramas e 2,5 cm de comprimento, constituído por duas válvulas.
Foi concebido para ser implantado cirurgicamente no canal deferente. Também denominado ducto deferente, o canal deferente é o canal que transporta o esperma dos testículos para a uretra.
Após o implante do Bimek SLV, o homem poderá aceder ao botão de “ligar/desligar” por debaixo da pele da bolsa escrotal, Quando a válvula é ativada o esperma é desviado do canal deferente e regressa ao tecido escrotal. resultando numa esterilização eficaz.
No entanto, ao contrário do que acontece numa vasectomia, o processo pode ser revertido se o botão for desligado.
O vídeo a seguir, produzido pela empresa que está a investir nesta tecnologia, explica o funcionamento do Bimek SLV:
Será que o Bimek SLV vai resultar?
Existem algumas incertezas em relação ao Bimek SLV, o que faz com que muitos médicos expressem preocupações relativamente a este dispositivo. Uma das preocupações diz respeito a cicatrizes no vaso deferente resultantes do implante cirúrgico, que poderão impedir o fluxo do esperma mesmo quando a válvula está aberta.
Existe também a possibilidade de a válvula bloquear se estiver fechada durante muito tempo. Além disso, a forma como o corpo reage aos materiais usados no Bimek SLV é largamente desconhecida e tem de ser tida em conta. Importa ainda referir que este dispositivo não protege o utilizador de doenças sexualmente transmissíveis.
Contudo, apesar destas preocupações, muitos médicos mostram-se otimistas. Uma das vantagens deste contracetivo é o facto de não usar hormonas. Isto exclui os efeitos secundários indesejados causados pelas flutuações hormonais.
Se o Bimek SLV for tão eficaz como os seus criadores acreditam, pode ser mais eficaz que o preservativo na prevenção de gravidezes indesejadas. As estatísticas norte americanas indicam que a taxa insucesso dos preservativos é de cerca de 18% por ano1.

Atualmente, o único contracetivo masculino fiável (além da abstinência) é a vasectomia, uma intervenção que raramente pode ser revertida. Pelo que os pacientes que queiram ter filhos mais tarde têm probabilidades muito baixas de sucesso.
O Bimek SLV pode oferecer aos homens um maior controlo sobre a sua fertilidade.
A equipa de teste e desenvolvimento do Bimek SLV acredita que este dispositivo poderá começar a ser comercializado em 2018. Não há dúvidas de que muitos homens estão interessados em conhecer os resultados do ensaio clínico agendado para este ano.
Iremos acompanhar o processo e publicar as conclusões assim que estiverem disponíveis.
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Bibliografia
- “Trussel, J. (2011). Contraceptive failure in the United States. Contraception – an international reproductive health journal, Volume 83, Issue 5, (pp. 397-404).” ↩